segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

re.in.vento

tango

um momento é isto:
uma bala que trespassa o coração e que mata tudo
como se se gerasse um buraco negro no seu local.
os sentimentos matam-se uns aos outros numa batalha des-
conhecida e cruel e fantástica
o sangue inunda todas as partes partidas
do corpo cadavérico, dorido dos segundos infindáveis
a que a respiração o obriga.
o ser é um resto de nadas que não há
é um egoísmo insensível, efémero pela morte que se avizinha

vai doer sempre, eu sei.
esta mistura de sentimentos mortos-vivos
de um prazer claustrofóbico e masoquista.
fiquemos só mais uma noite a ver as estrelas
a vê-las dançar no céu cor de prata.
talvez elas saibam o que é sentir.


(derivação do poema "i.", escrito por Bruno Santos e postado anteriormente,
escrita por mim)

re.in.vento

até já

tenho um monstro dentro de mim que vomita
os seus gritos
os meus gritos
toma-me as mãos, faz delas as suas
sinto que a inspiração não alimenta o meu cérebro
e desmaio no seu poder,
oiço o seu riso distante de criatura maléfica
de contos de bruxas e ogres
enquanto tento abrir os olhos, ou fechá-los, não sei bem
parece que a minha pele se escama
parece que as minhas unhas são garras
parece.
não, não parece. perece.

desaparece.


(derivação do poema "ii.", escrito por Bruno Santos e postado anteriormente,
escrita por mim)

domingo, 10 de fevereiro de 2008

escangalhar

i.

os sentimentos usurpados pelo amor
de uma cor de choro sério rindo
vivem na margem de cada dia como se fosse o último.

o teu segredo será sempre uma cor. por isso
a força dos sent/idos como uma dor em segundos
merecendo uma essência. quem sabe, se uma efémera essência,
abs/tracta, não a espera. abstraída no
esperma. porque não existem as fantasias concretamente? o corpo
não se dá, dá-se o sexo. e o sentimento re/cru/desce,
seja lá qual for o sentimento de que não falamos.


(derivação do poema "uma estrela cadente", postado anteriormente,
escrita por Bruno Santos)

escangalhar

ii.

comunico. por dentro dos vendavais. faço aquilo sem o tom dos olhos da pele.
aquilo como se outra vez roendo a rir por dentro
do texto. quando morrer, sei, não vou sozinho.
levo comigo os vendavais sentindo as mãos que lhe escrevem a pele.
sei, levo aquilo
invejando um dia menor de conhecimento pelo movimento intrínseco
à luz.

agora,
vou sair. peço imensa desculpa pelo inconveniente. é que posso ter causado
todos os vendavais do mundo. dos quais, confesso, não lembro o nome.

(derivação do poema "desta vez não sou eu", postado anteriormente,
escrita por Bruno Santos)