segunda-feira, 21 de maio de 2007

Túnel de Sombras Dispersas

Grito no escuro.
Baixinho para não acordar ninguém.
O sono foge de mim
como aquilo que não tenho.
As palavras entram-me pelos olhos e saem-me pela nuca
formando combinações estúpidas que não entendo.
Não penso; não sei pensar. Esqueci-me.
Não amo. Não sei amar. Esqueci-me.
Tento libertar-me
e voar, mas não.
Esta música, que me devia acalmar,
puxa-me os cabelos.
Terrível, o vento leva-a, ecoando,
fazendo-me lembrar outra vez
desta falta de nada, este deserto abundante...
Ainda falta tanto.


sábado, 19 de maio de 2007

Um resto de Nuvem


O tempo passou por mim como o vento pelas folhas das árvores: fez-me cócegas e eu não me ri. Persisti na ignorância impia dos minutos, inquisidores dos sorrisos das pessoas. Tudo passa por mim sem criar raízes, tudo foge na corrente dos dias. As poucas certezas que julgo ter escorrem-me pelos dedos como água, enquanto os meus sentimentos morrem e renascem num fenesim assustador.