rajadas
gotas de vento pingam do céu e enchem-me os olhos de uma vermelhidão dolorosa: não choro porque arde e não rio porque dói. não existo porque não posso sentir. apenas persisto neste vale profundo, soterrado no lodaçal das marés.
gotas de vento pingam do céu e enchem-me os olhos de uma vermelhidão dolorosa: não choro porque arde e não rio porque dói. não existo porque não posso sentir. apenas persisto neste vale profundo, soterrado no lodaçal das marés.
a falTa quE arde No pensamento
Há já tempOs que
me troca maiúsculaS e minúsculAs assim estUpiDAmente
sem que Diga o que quEro
e Sem querer o que digo
deixando-me assim confuso
com as
palavras Trocadas
e as l e t r a s descasadas
nUma miscelâneA de versos soltos
e Sem sentido.
Este blogue é resultado quase exclusivo da minha inspiração. Posso afirmar que ela é como o mar: umas vezes é doce e calma, não faz ondas, não se manifesta; e outras vezes explode em todo o seu esplendor e tem uma força capaz de partir rocha e de formar furacões.
Os gritos que escrevo são como o barulho das ondas, causam impacto e assustam ao princípio, mas acabam todos em espuma. A minha poesia vive neste ciclo sem fim: a morte de cada onda significa uma oportunidade de outra se poder mostrar.
Está aqui exposto um pedaço de mim: todos os sentimentos de que não consigo falar, todas as histórias que tenho medo de contar, todos os pormenores que tento dissimular. Peço por isso um empréstimo às palavras para que me auxiliem na tarefa de dizer o que penso e sinto. Dizem que as palavras não são de ninguém. De facto, não as posso considerar minhas, independentemente da infinitude de vezes que as escreva. Que as palavras sejam de quem as lê. E que quem as lê as deixe entrar pelos olhos dentro e as sinta como suas. Espero ter o prazer de adicionar alguma coisa ao mundo de alguém.
Sinta-se à vontade.