terça-feira, 24 de março de 2009

jogo do mata

vou escrever para não torcer pescoços.
vou escrever e espetar facas;
sentir os gumes afiados
matar como nos filmes.
vou ser um assassino

e escolher
quem morre
e
quem mata
a minha prosa.

segunda-feira, 23 de março de 2009

bolas de sabão

as bolas de sabão são como sonhos que flutuam e rebentam quando tocam na realidade que as envolve.
e mesmo assim não têm medo.

tenho de deixar de guardar coisas em bolas de sabão.
elas vão rebentar de qualquer maneira.

quinta-feira, 19 de março de 2009

É como diz a outra

não sei se me ouço
ou se esta voz é a minha
falta (re)conhecimento

não sei se o que digo
fui eu que pensei
não sei se aqui estou
porque fui eu que mandei
não sei se o que sou
fui eu que criei

não sei se me deixaram marcas
que não consigo apagar
(porque não as consigo entender)

não sei se me dói
(porque prefiro não saber)

sou cego porque não quero ver
e ensurdeço e finjo que não ouço
está tudo bem
se parece que está bem

e bem (ou mal), sou eu outra vez.
resta saber é quem.