diz-me
desespero
na tentativa de
t(r)ocar os teus lábios,
pelos meus;
em vez disso
fecho os olhos, engulo a língua e inspiro outra vez
não rio, não te vejo
estás demasiado perto para te ver
hoje quero sentir.
desespero
na tentativa de
t(r)ocar os teus lábios,
pelos meus;
em vez disso
fecho os olhos, engulo a língua e inspiro outra vez
não rio, não te vejo
estás demasiado perto para te ver
hoje quero sentir.
excerto inicial
preciso de amar para escrever
se não amo, nada me flui
as palavras entopem-se
de sentidos
as palavras entopem-me
os sentidos
de sentidos
sem sentido.
isto não faz sentido.
porque os meus sentidos não têm tido
sentido.
Este blogue é resultado quase exclusivo da minha inspiração. Posso afirmar que ela é como o mar: umas vezes é doce e calma, não faz ondas, não se manifesta; e outras vezes explode em todo o seu esplendor e tem uma força capaz de partir rocha e de formar furacões.
Os gritos que escrevo são como o barulho das ondas, causam impacto e assustam ao princípio, mas acabam todos em espuma. A minha poesia vive neste ciclo sem fim: a morte de cada onda significa uma oportunidade de outra se poder mostrar.
Está aqui exposto um pedaço de mim: todos os sentimentos de que não consigo falar, todas as histórias que tenho medo de contar, todos os pormenores que tento dissimular. Peço por isso um empréstimo às palavras para que me auxiliem na tarefa de dizer o que penso e sinto. Dizem que as palavras não são de ninguém. De facto, não as posso considerar minhas, independentemente da infinitude de vezes que as escreva. Que as palavras sejam de quem as lê. E que quem as lê as deixe entrar pelos olhos dentro e as sinta como suas. Espero ter o prazer de adicionar alguma coisa ao mundo de alguém.
Sinta-se à vontade.